Monday, August 19, 2019

Avonturas durante a nossa viagem pela America do Sul


Ana* nos ligou em pânico: “O abrigo está todo alagado, todas as coisas molharam, orem para que a chuva pare, por favor! Tem como nos ajudar?”



Ana é uma médica que fugiu da Venezuela juntamente com dois filhos, três irmãs, dois cunhados e cinco sobrinhos. Há seis meses moram na cidade de Boa Vista, onde já há milhares de refugiados acolhidos em abrigos administrado pela ONU.

Mas todos os abrigos oficiais já estavam lotados quando chegaram. A única opção que encontraram foi invadir um velho clube abandonado e construir moradias improvisadas utilizando lonas, madeirites, etc. Junto com outras 400 pessoas encararam esse desafio, uma vez que não tinham escolha...

*Nome mudado para proteger sua identidade. 


Liderar um Abrigo para Refugiados Juntamente com 4 caciques Indígenas
Era um grupo bem heterogêneo, pois além de um grupo de venezuelanos citadinos, havia representantes de 4 grupos indígenas, que estavam entre os primeiros a fugir da Venezuela. Ana formou, juntamente com os quatro caciques, a liderança do abrigo. Pregaram uma lista na entrada do clube: “Bem-vindos, mas é proibido o uso de drogas, álcool, e o horário de silêncio é 22:00”. E assim estão tentando fazer as coisas funcionarem.

Em contraste com os outros refugiados abrigados pela ONU, não recebem comida, eletricidade, roupa… têm que se virar para tudo.

Durante nosso tempo em Boa Vista tivemos oportunidade, juntamente com nossos alunos, através programações para as crianças e apoio prático, ajudar dois abrigos assim. Ambos tinham cerca de 400 adultos e 150 crianças.


No abrigo em que Ana estava era tudo um pouco mais complicado, por falarem, além do espanhol, outras 4 línguas indígenas! Cada um desses grupos ficou numa área separada dentro do antigo clube, barracas com lonas foram levantadas e construíram alojamentos com material de demolição.

A família de Ana – 6 adultos e 7 crianças – dormia junta numa barraca improvisada de 3x5 metros, com lonas de plástico em três paredes, mas a frente ficava completamente aberta. No verão, época seca com temperaturas acima dos 40 graus, aquilo funcionava razoavelmente, no entanto, chegara a temporada de chuvas na região!...

Uma Tempestade Tropical

“Todas as nossas roupas molharam e passa um rio pela nossa barraca”, disse Ana chorando ao telefone.


Juntamos nossos alunos para um planejamento emergencial e poucas horas depois estávamos lá para ajudar, equipados com lonas, martelos, cordas, sacos de lixo, etc. Os parentes já tinham nivelado o chão da barraca de Ana aterrando com areia e, rapidamente, com a ajuda dos nossos polivalentes alunos, penduraram uma grande lona azul na frente da barraca para conter o grosso das chuvas.


Duas das tribos tinham sofrido menos com a chuva pois tinham colocado suas redes debaixo de estruturas antigas do clube, mas a maioria não teve tanta sorte assim. Uma tribo tinha estendido suas redes sem nenhuma lona de proteção. Então, para eles e outras famílias conseguimos também colocar algumas lonas. Foi apenas uma medida provisória que aliviava contra as chuvas, mas foi tocante ver a gratidão daquelas pessoas, e quando voltamos lá dias depois para fazer uma programação com as crianças, eles nos receberam de braços abertos.


150 Crianças em Pequenos Grupos no Chão

Um programa com 150 crianças em um espaço aberto, sem mesas, sem cadeiras e com 5 línguas diferentes, como fazer isso? É sempre tão bom ver a versatilidade dos nossos alunos!


Compramos 8 panos grandes para que as crianças pudessem se assentar, e assim que elas chegavam recebiam uma fita adesiva no peito com seu nome e idade. Criamos 6 grupos e ainda dividimos os mais velhos em turmas só de meninos ou meninas. Assim, estávamos prontos para começar o programa!


Johan e eu já tínhamos dado aulas por algumas semanas, e nossos alunos prepararam um lindo programa adaptado para as diferentes idades. Foi tão legal ver como as crianças de todos os grupos étnicos se misturavam sem nenhum problema, curtiram o tempo de contação de histórias, as brincadeiras e atividades nos seus grupos. Três horas se passaram num instantinho. 


E nossos alunos ficaram superentusiasmados: “Não sabia que poderia ser tão legal! Pensei que um programa com crianças era sempre tentar entreter um grupo grande com música alta e muita agitação! Mas dividir as crianças em pequenos grupos fica tão mais legal! Agora até aprendi os nomes de todas as crianças do meu grupo!”

A base de JOCUM em Boa Vista está apenas começando. Tem um compromisso forte com os povos indígenas e em ajudar os refugiados. Foi um grande privilégio poder dar um treinamento de um mês ali.

170 Alunos em Nosso Seminário Crianças em Risco
Em São Luís também fomos convidados pela base da JOCUM. Eles têm muitos contatos nas igrejas da cidade e quando anunciaram o seminário vieram 170 alunos! É excelente quando tem um grupo tão grande de pessoas motivadas a aprender como alcançar melhor as crianças e suas famílias que vivem em situações tão deploráveis.


Após 9 semanas de aulas em 5 cidades diferentes chegamos em casa, em Belo Horizonte, curtindo um tempo de qualidade com nossa filha Michele e sua família, antes de voltar à estrada em viagem ao Peru. Durante o restante do ano ainda teremos um programa cheio com seminários em diferentes cidades no Brasil.

E no Ano que Vem: Escola Crianças em Risco nas Filipinas!

Mas, enquanto isso, já estamos a todo vapor com os preparativos para o curso Crianças em Risco que acontecerá de abril a junho do ano que vem na cidade de Cebu, nas Filipinas, onde demos um seminário de duas semanas dois anos atrás.


Caso conheçam jovens que gostariam de fazer esse curso (em inglês) para aprender como começar um trabalho com crianças em risco, por quê, e as bases bíblicas de um trabalho com crianças, podem clicar aqui para maiores informações. Para brasileiros o custo para três meses de curso, incluindo moradia e alimentação será US$1.000,00


Somos Gratos

Obrigado a todos que nos seguem há tantos anos. Suas orações nos carregam, seus encorajamentos nos motivam e suas contribuições têm suprido nossas necessidades. Somos gratos que podemos assim servir ao Senhor juntos em favor de crianças necessitadas e suas famílias. Oramos por vocês e desejamos a todos as mais ricas bênçãos do Senhor!


Pontos de Oração:
  • Oremos pelos milhões de venezuelanos que precisaram fugir do seu país. Que as igrejas nos países vizinhos não se omitam, mas estendam suas mãos para ajudar;
  • Orem por esses dois abrigos em Boa Vista, onde falta de tudo e que não recebem ajuda da ONU
  • Orem pela Ana, que o diploma de médica possa ser reconhecido no Brasil, e que ela e os outros adultos da família possam achar bom empregos e boa moradia;
  • Orem pelos seminários e aulas que iremos dar no Peru e no Brasil durante o restante deste ano;
  • Orem pelos preparativos do curso nas Filipinas;
  • Agradeçam pela nossa saúde;
  • Expressemos gratidão pelo fato que tivemos oportunidade de treinar e motivar tantos alunos para causa das crianças vulneráveis;
  • Orem pela minha irmã e sua família. Meu cunhado estava muito doente e faleceu semana passada.

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