Monday, March 11, 2013

Tempo na Holanda e preocupações sobre Davi


Acabamos de voltar ao Brasil após um tempo maravilhoso na Holanda. Estamos muito agradecidos a todos que se esforçaram para tornar o nosso tempo tão agradável.

Estava muuuiiiito frio!
“Vocês abriram nossos olhos” disse uma pessoa. Outra nos escreveu: “Comecei um blog sobre tráfico de pessoas inspirado em sua pregação”. E outra pessoa nos afirmou que nunca mais iria se esquecer do culto que ministramos. Essas são algumas das muitas reações que recebemos após nossas apresentações em várias igrejas, grupos caseiros e seminários de missões. É muito bom e encorajador ver tanta gente,  jovens e velhos, buscando a vontade de Deus para suas vidas. E mais uma vez nos surpreendemos com a calorosa hospitalidade.

Nos grupos caseiros também tivemos experiências marcantes.  Poder contar um pouco sobre nossas experiências em missões, e contar sobre as necessidades de pessoas vítimas de tráfico, na sala de estar, deixa a coisa muito mais pessoal e abriu oportunidades para falarmos sobre os projetos para a Copa do Mundo em 2014 e os perigos do tráfico de pessoas durante grandes eventos.
Um grupo tinha até feito o ‘para casa’, tinham lido meu livro, “Um grito das ruas”, o que deixou o clima mais familiar ainda.

Nosso coração está cheio de gratidão por tantas pessoas que nos acolheram com tanto carinho. Queremos desejar a elas grandes bênçãos do Senhor. 
Cafe de manha no natal com a gelatina vermelha traditional!
Dilma
Em nossa última carta de notícias mencionei a nossa filha adotiva, Dilma, que além da surdez tem certas limitações intelectuais, e que mudou em outubro do ano passado para Holanda. Ela mora numa excelente entidade Cristã onde moram mais pessoas com desafios, como autismo, síndrome de down, etc. Lá ela recebe um acompanhamento bem de perto. Muitas pessoas têm orado por ela, e para ela foi um grande passo tomado, imagina: um novo país, novos amigos, novo trabalho, nova língua, e uma nova linguagem de sinais.

Creio que as orações fizeram muito efeito, ela está se adaptando muito bem ao grupo de pessoas que moram nesta entidade. Ela vai três dias por semana para uma “fazenda de linguagem de sinais”, isso mesmo. Na fazenda tem um grupo de surdos que lidera o trabalho numa granja com 25.000 galinhas, e dão atividades aos surdos, que como a Dilma, necessitam de um lugar com atividades num ambiente com surdos, e obviamente se comunicam através de gestos. Além disso trabalha um dia por semana numa loja de artigos criativos para presentes. Já esta recebendo aulas de gramática e sinais em Holandês. Vai para natação e aeróbica, e já tem uma rede social de amigos, tios e primos.
Davi, Johan e Dilma
Somos muito gratos às pessoas que se esforçaram tanto em ajudá-la a se adaptar. Os gestos em Holandês ela pega rapidinho, já pra mim e para o Johan isso vai mais devagar J. Mas para conversar com ela utilizamos nosso conhecimento de LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais).

Ela chorou ao se despedir de nós no aeroporto, mas depois já nos mandou um e-mail contando como está curtindo seu tempo com os contatos dela na Holanda. Isso nos consola bastante. 
Davi tem o seu aniversario no dia de natal!
Davi
Davi, nosso filho adotivo de 26 anos que também é paraplégico por causa de Espinha Bífida, já mora há 6 anos nesta mesma entidade. Ele primeiro achou difícil a vinda da Dilma. Acho que ele teve medo de perder a atenção das pessoas. Mas logo viu que na realidade é legal ter a irmã dele mais perto. Eles moram em unidades separadas. A atitude positiva do Davi tem ajudado a Dilma a se adaptar melhor.

Durante nosso tempo na Holanda eles passaram as duas semanas de férias de Natal conosco. Foi muito bom passar o Natal na Holanda depois de muitos anos e curtir um tempo de qualidade com Davi, Dilma, e com nosso filho mais velho, nora e netos que moram há um tempo na Holanda, e lógico com nossos irmãos e cunhados. Nossas filhas no Brasil sentiram muito nossa falta, mas isso sempre será um desafio com a família dividida em dois continentesJL.

Durante as férias de Natal, o Davi começou ter alguns sintomas estranhos. Assustamos quando o médico mencionou falência renal. A função renal do Davi tinha diminuído drasticamente. Após alguns exames, no hospital das clinicas em Utrecht na Holanda, sabemos agora que a função dos rins está em apenas 27%. Quando a função abaixar para em torno de 15% ele vai precisar começar com hemodiálise. Isso foi bastante assustador.

Davi nasceu com Espinha Bífida, e desde que o adotamos, com três anos de idade, já apresentava problemas de infecção urinária, mas parecia estável, até agora.

Durante este mês de Março ele terá mais uma bateria de exames no hospital das clínicas, e até o final do mês devemos saber se ainda existem métodos que possam evitar uma deterioração dos rins para que não chegue a estes 15%, que é o limite para iniciar a hemodiálise.

Foi bastante difícil tomar a decisão de voltar ao Brasil nesta situação. Mas para o mês de Julho fui convidada para dar aula numa escola da JOCUM na Suíça sobre Crianças em situação de Risco. Durante esta viagem espero poder passar algumas semanas na Holanda para estar com nossos filhos do outro lado do oceano. Caso o Davi precise começar a hemodiálise com urgência pode ser que eu dê um pulo na Holanda mais cedo que isso. Tem muitas perguntas sem resposta ainda. Mas sabemos uma coisa com certeza: Deus nos tem e tem a vida do Davi em suas mãos. Confiamos nele. Ele prometeu de estar conosco, sempre, em tudo, em qualquer lugar!

Concluímos esta carta com isso, e oramos que não somente o Davi, ou a gente, mas que todos vocês possam ter uma revelação mais profunda desta confiança, de que Deus estará com todos vocês sempre, em tudo, e em qualquer lugar!

Com muito carinho desejamos a vocês toda sorte de benção do Senhor. 

Johan e Jeannette Lukasse 

  • Agradeçam a Deus pelo tempo maravilhoso que passamos na Holanda, e pelas pessoas gentis e inspiradoras que encontramos. 
  • Agradeçam a Deus pelo processo de adaptação da Dilma na Holanda e pelas pessoas em volta dela.
  • Por favor, orem também pelo Davi. Pela sua saúde, emoções, mas também pelas pessoas que o acompanham, os outros moradores da casa onde ele está, e pela equipe médica.
Johan com a mae dele de 87 anos

Foto historico: Johan com os 10 irmaos dele!